A gestação é uma das fases mais especiais da vida de uma mulher, mas é também um período de muitos cuidados com a saúde, especialmente no caso das mulheres com condições autoimunes.
Embora sejam conhecidos mais de 80 tipos de doenças autoimunes, 5 são consideradas mais comuns e importantes à gravidez: lúpus, artrite reumatoide, trombocitopenia, miastenia grave e tireoidite de Hashimoto.
Se for o seu caso, é importante antes de engravidar, conversar com o médico que lhe acompanha, para que juntos, possam determinar qual caminho a seguir. O ideal é que a gestação seja programada com cuidado, pois além do quadro clínico, tem algumas medicações que são proibidas durante esse período, uma vez que podem gerar danos ao embrião ou feto.
Você pode me perguntar quais os riscos envolvidos, os mais comuns são abortos e parto prematuro.
Mas devo reforçar que existem muitas variações, depende do quadro de cada um e da doença em si. Por exemplo, na portadora de lúpus e síndrome do anticorpo antifosfolipídeo, pesquisas recentes demonstram que grávidas sofrem mais com pré-eclâmpsia (pressão alta na gestação), tromboembolismo, fetos que não crescem tanto quanto esperado, além do risco de aborto e de parto prematuro.
Mas calma. Atualmente, a medicina teve muitos avanços em relação à gestação e às mulheres com doenças reumatológicas!
Existem medidas que podem ser tomadas. No caso da síndrome do anticorpo antifosfolipídeo, geralmente tratamos a paciente com anticoagulantes e com aspirina de baixa dose durante a gestação e por algumas semanas após o parto. Esse tratamento, geralmente consegue prevenir a formação de coágulos sanguíneos e o surgimento de complicações na gravidez, além de ajudar na prevenção da pré-eclâmpsia.
Em outros casos, existe até uma melhora do quadro, como na artrite reumatoide, os sintomas da doença podem cessar temporariamente, durante a gestação.
Ou seja, cada doença e cada caso são únicos, assim como as formas de conduta são individualizadas para que a gravidez seja mais segura, para mãe e bebê.
Existem ainda os biomarcadores, substâncias que estão no organismo, e que podem ser detectadas em exames, para ajudar a identificar os casos com maior risco de aborto espontâneo ou outras dificuldades.
O recado aqui basicamente é, converse amplamente com seu médico antes de planejar a chegada do bebê.
E muito cuidado com o ‘Dr. Google’, que está cheio de casos que assustam. Preciso ser sincera e dizer que em algumas situações, os riscos são grandes, mas por outro lado, evoluímos tanto nos últimos anos e ser mãe, por si só, é assumir riscos, é ter coragem de gerar a vida e estar pronta para o amor incondicional.

Conte comigo.
Tatiana K. Muller
Reumatologista