A Espondilite Anquilosante (EA) faz parte do grupo das espondiloartrites (espondilo=coluna + artrite= inflamação da articulação).
Como o nome já diz, trata-se de uma inflamação que afeta, principalmente, as articulações da coluna vertebral, incluindo a região que liga o final da coluna com os ossos da bacia. Ou seja, o principal sintoma é a dor nas costas.
Em geral, aparece entre os 20 e 45 anos de idade, sendo mais comum no sexo masculino – os homens são de 4 a 5 vezes mais acometidos. Filhos de pais com “EA” também tem maior chance de apresentar o quadro no futuro.
Sinais e Sintomas
A dor nas costas é a maior causa de invalidez no mundo todo, afeta 8 a cada 10 pessoas, em alguma fase da vida. Acaba por ser o perigo da doença, já que ela surge lentamente, através das dores na região, que duram por um período mais longo do que outras condições (por volta de 3 meses). Confundir esses sintomas com outras doenças, ou, até mesmo, camuflar com analgésicos e relaxantes musculares, são fatores que implicam no atraso do diagnóstico, em média, em 7 anos. Nem toda dor nas costas será espondilite, mas não é por isso que ela não deve ser investigadas.
Vamos mudar esse quadro. Já deixo aqui o recado, sentiu dor nas costas? Procure uma avaliação médica para investigar sua causa. Complicações por condições mais severas ou pelo não tratamento, podem abranger deformidades físicas permanentes e dificuldade na movimentação em toda coluna e quadril.
Fique de olho: alguns sinais característicos da EA são as dores que afetam as nádegas, se espalhando pela parte inferior da coluna e atrás das coxas. Um lado é geralmente mais doloroso do que o outro. Ela também causa rigidez matinal, já que o repouso piora o quadro e os exercícios, aliviam. Esta é uma observação essencial a fazer sobre a EA, pois a dor nas costas quando ocorre por causa mecânica piora com o movimento e melhora com o repouso.
Existem casos em que o paciente pode se sentir globalmente doente, sentindo cansaço, tendo perda de apetite e até de peso. Pode haver, também, dor na planta dos pés ao se levantar da cama (ao acordar).
Além da dor nas costas…⠀
Pode haver uma condição mais grave e sistêmica, que é quando acomete outras articulações e órgãos, como olhos, coração, pulmões e ou rins.
Alguns estudos, mais atuais, têm demonstrado a disbiose, como uma condição relacionada – trata-se de uma alteração complexa estrutura do microbioma intestinal. Esse desequilíbrio reduz a capacidade de absorção dos nutrientes pelo organismo, causando a carência de vitaminas e minerais, bem como alterações que contribuem para a ativação de células de defesa (linfócitos) locais, que migram para articulações periféricas e medula óssea, desencadeando uma resposta inflamatória sistêmica.
Diagnóstico
O diagnóstico é pela combinação dos critérios clínicos com a evidência radiológica de sacroileíte (raios x). A presença do marcador HLA-B27 é também utilizada (sangue), mas lembre, esse exame não é diagnóstico.
Tratamento
Começamos com anti-inflamatórios e alguns poucos casos ainda poderão se beneficiar dos Medicamentos modificadores do curso da doença (MMCD). Nesse grupo se incluem metotrexato e a sulfassalazina.
Para alguns casos, entramos com a terapia biológica. Avançamos muito nas opções de tratamento, já que os agentes biológicos são medicamentos altamente específicos, que bloqueiam proteínas envolvidas com a inflamação.
Recentemente tivemos aprovação no Brasil para o uso de drogas como o Secuquinumabe e o Ixekizumabe. A lista de biológicos, atualmente indicados, para o tratamento é:
– Adalimumabe
– Etanercepte
– Infliximabe
– Ixekizumabe
– Golimumabe
– Certolizumabe pegol
– Secuquinumabe
Vale dizer que a decisão do tratamento é compartilhada entre o médico e o paciente.
O tratamento fisioterápico pode ser ainda indicado para a prevenção de deformidades.
Opções como Pilates, Hidroterapia e Acupuntura podem ajudar.
Exercícios físicos também fazem parte do tratamento.
Orientações Gerais
Em caso de dor na coluna superior a 3 meses, rigidez mais forte ao acordar, procure um médico.
Não se automedique. É comum as pessoas tomarem medicamentos para a dor, porém, podem postergar o diagnóstico e tratamento de condições sérias, como é o caso da Espondilite Anquilosante.
Conte comigo!
Dra. Tatiana K. Muller
Reumatologista